sábado, 26 de maio de 2012

Insomnia (Texto: Ricardo Onofrio)


No breu olhando o teto, regurgito ar, me perco na cegueira do olho e me esvazio em vozes e cenas mal dirigidas pelo relógio que não para.

Toda a cidade morre, sonâmbulos inertes vagando nos sonhos mas de corpos parados, a carcaça recuperada para continuarem dormindo acordados achando que o Sol e o novo dia será diferente, melhor.

Contento-me com a pena rasgando o papel e o silencio urrando palavras como placebo para meus problemas.

Mas o branco da folha nunca acaba e o preto do olhar fechado não acalma.

Areia infinita escorrendo entre os cílios, sou ampulheta que a cada vez acabada é virada de lado para que a ladainha reinicie.

Ouço uma canção de não ninar, vejo o escuro que não cega, e permaneço na horizontal velando a mim mesmo.

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